Brasília, 29/08/2012 – “Nossa intenção é a integração. É escapar do senso comum do militarismo”. Com essas palavras, o diretor do campus Brasília da Escola Superior de Guerra (ESG), brigadeiro Delano Teixeira Soares, abriu, nesta quarta-feira, o “Encontro de Reflexão Estratégica – Novas Ameaças”, que discutiu algumas das principais preocupações do Brasil na área de defesa a curto, médio e longo prazo.
O evento marca o “3º Café com Debates” da ESG e encerra o ciclo de encontros temáticos previstos pela instituição para este ano. Para aproximar o pensamento acadêmico do meio militar, cinco docentes de ensino superior da capital federal, especializados em Relações Internacionais, conduziram as discussões.
Segundo eles, a iniciativa da ESG representa uma “notável abertura das Forças Armadas com a sociedade civil”, e contribui para a construção desse relacionamento. “A presença de vocês [professores] é uma mudança de consciência”, concordou o brigadeiro Delano.
A escolha do tema – “Novas Ameaças” – foi definida a partir de uma solicitação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A intenção do EMCFA é utilizar as ideias surgidas para projetar cenários que possam, do ponto de vista da sociedade civil, exigir o emprego da Marinha, do Exército e da Aeronáutica em períodos futuros (dez, até 30 ou mais de 30 anos). Algumas das questões levantadas envolveram, por exemplo, conflitos ideológicos, movimentos guerrilheiros, migrações internacionais, degradação do meio ambiente e tráfico de drogas e armas.
Crime organizado
Para o professor Eduardo Viola, da Universidade de Brasília (UnB), as novas ameaças tornaram-se relevantes pelo aumento da intensidade da globalização e pelo grau de transição da sociedade industrial para a sociedade da informação. Em sua palestra, ele enfatizou a preocupação com o crime organizado. E fez uma ponderação: “Nesse caso, as Forças Armadas devem ser empregadas apenas em última instância”.
Ao mesmo tempo, Viola (foto acima) elogiou o trabalho feito pelos militares brasileiros nas favelas do Rio de Janeiro, o qual considerou eficaz. A opinião foi compartilhada pela colega Maria Helena de Castro Santos, também da UnB. Para ela, embora não tenham essa obrigação definida, as Forças Armadas têm sido convidadas e participado “com eficiência” de iniciativas envolvendo ações de segurança pública.
Papel das Forças Armadas
Durante o debate, alguns docentes alertaram que as instituições militares não devem atuar como polícia. O diretor do campus, brigadeiro Delano (foto), explicou que as atividades dessa natureza que são realizadas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica acontecem em apoio ao trabalho dos policiais.
A necessidade de modernização e reaparelhamento foram vistos, pelo professor Pio Penna Filho, da UnB, como requisitos básicos para a boa atuação dos militares na proteção ao Estado. No entender dele, sem investimentos na recomposição dos meios operativos das Forças Armadas, faz pouco sentido debater “novas ameaças”.
Penna também abordou a questão do pré-sal e enfatizou que a “Amazônia deve ser uma preocupação a curto, médio e longo prazo”. Nesse caso, o acadêmico disse ser favorável ao emprego conjunto das Forças.
Participaram, ainda, do debate no Ministério da Defesa os professores Wilson de Jesus Beserra de Almeida, da Universidade Católica de Brasília, e Delmo de Oliveira Arguelhes, do Centro Universitário de Brasília.
Fotos: Paulo Henrique Freitas
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa
61 3312-4070
Nenhum comentário:
Postar um comentário