Valdir Bicudo
Investigador da Polícia Civil em Curitiba
Investigador da Polícia Civil em Curitiba
Relatório do escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime no Brasil apontam que o crime organizado funciona como uma holding, na qual a droga é o item mais lucrativo de um empreendimento que fatura quantia superior a US$ 1,5 trilhão por ano. O mesmo relatório afirma que, na última década, alunos do ensino médio e fundamental passaram a consumir seis vezes ou mais ansiolíticos (tranquilizantes), anfetaminas, maconha e cocaína. O consumo de cocaína aumentou em 700% e, de acordo com o estudo, 1/3 da cocaína produzida na América do Sul tem como destino o mercado brasileiro, com aproximadamente 900 mil usuários da droga.
O Brasil está no percurso entre os produtores e os países europeus de destinação final do produto, mas já não é só rota. Nos últimos cinco anos, o consumo aumentou. Dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostram que, na última década, o aumento de anfetaminas atingiu o patamar de 150%; maconha, 325%; e cocaína, 700%; em diferentes camadas da sociedade brasileira.
Ainda de acordo com o relatório, se criou no Brasil um mercado interessante para os traficantes, porque eles não precisam pagar com dinheiro os serviços que prestam aos “colegas” na Europa e nos Estados Unidos. Num carregamento de 100kg de cocaína que entra no país, os brasileiros se encarregam de despachar 80kg para fora e ficam com 20kg para distribuir aqui, afirmam os responsáveis pelo estudo. O relatório aponta que 1kg de cocaína pode ser adquirido na fronteira entre Brasil e Bolívia por US$ 1.500 a um nível de pureza de 70%. Posteriormente, esse quilo é vendido nas favelas entre US$ 5 mil e US$ 7 mil, com o mesmo nível de pureza. O mesmo produto com pureza que oscila de 30% a 50% chegará aos clientes da classe média alta a US$ 20 mil/kg, US$ 20/g.
O fator de multiplicação é de quase 30 vezes. A mesma cocaína que vem da Colômbia, da Bolívia, passa pelo Brasil e segue para Europa e EUA, será vendida em grandes quantidades por US$ 30 mil/kg a US$ 50 mil/kg, chegando ao consumidor final por algo entre US$ 100 mil e US$ 150 mil, finaliza o relatório. O detalhe que chamou a atenção nesse documento foi a não menção ao crack, a maior preocupação das autoridades e da sociedade brasileira na atualidade. O consumo do crack não é contabilizado porque a droga é classificada como subproduto da cocaína. Acrescente-se ao exposto que em 2010 foram descobertos, nos países europeus, 40 novos tipos de drogas, todas sintéticas, ou seja, produzidas em laboratório. Entre elas, a spyce, que tem efeitos similares aos da maconha, mas ainda não foi registrada como droga ilícita.
Há décadas existem estudos que afirmam que as causas da criminalidade violenta, especialmente o tráfico de drogas, são um dos maiores problemas das cidades brasileiras, por causa da ausência do Estado e de seus agentes nas áreas de periferia e da completa falta de assistência médica, judiciária, sanitária, educacional, de lazer, e da viabilidade de convivência sadia, restando como opção a essas populações o tráfico. Ausente o Estado, instala-se a lei do mais forte e a criminalidade assume o seu papel.
Se quisermos ter sucesso nas ações contra o crime organizado, temos que focar a atenção em como reduzir o mercado do traficante, por meio de trabalho preventivo, que tem relação custo-benefício muito mais positiva do que ações repressivas. Diante do exposto, é imperativo que a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), o Judiciário, os ministérios da Saúde, da Educação, dos Esportes e das Cidades formem uma força-tarefa e desenvolvam ações integradas para mudar esse triste quadro que está destruindo o futuro do Brasil, que são os jovens.
O tráfico é o principal motivo de prisão no Brasil. O crescimento foi de 62% entre 2007 e 2010. Em 2007, foram presas 62.494 pessoas. Em 2010, 106.491 pessoas.
O Brasil está no percurso entre os produtores e os países europeus de destinação final do produto, mas já não é só rota. Nos últimos cinco anos, o consumo aumentou. Dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostram que, na última década, o aumento de anfetaminas atingiu o patamar de 150%; maconha, 325%; e cocaína, 700%; em diferentes camadas da sociedade brasileira.
Ainda de acordo com o relatório, se criou no Brasil um mercado interessante para os traficantes, porque eles não precisam pagar com dinheiro os serviços que prestam aos “colegas” na Europa e nos Estados Unidos. Num carregamento de 100kg de cocaína que entra no país, os brasileiros se encarregam de despachar 80kg para fora e ficam com 20kg para distribuir aqui, afirmam os responsáveis pelo estudo. O relatório aponta que 1kg de cocaína pode ser adquirido na fronteira entre Brasil e Bolívia por US$ 1.500 a um nível de pureza de 70%. Posteriormente, esse quilo é vendido nas favelas entre US$ 5 mil e US$ 7 mil, com o mesmo nível de pureza. O mesmo produto com pureza que oscila de 30% a 50% chegará aos clientes da classe média alta a US$ 20 mil/kg, US$ 20/g.
O fator de multiplicação é de quase 30 vezes. A mesma cocaína que vem da Colômbia, da Bolívia, passa pelo Brasil e segue para Europa e EUA, será vendida em grandes quantidades por US$ 30 mil/kg a US$ 50 mil/kg, chegando ao consumidor final por algo entre US$ 100 mil e US$ 150 mil, finaliza o relatório. O detalhe que chamou a atenção nesse documento foi a não menção ao crack, a maior preocupação das autoridades e da sociedade brasileira na atualidade. O consumo do crack não é contabilizado porque a droga é classificada como subproduto da cocaína. Acrescente-se ao exposto que em 2010 foram descobertos, nos países europeus, 40 novos tipos de drogas, todas sintéticas, ou seja, produzidas em laboratório. Entre elas, a spyce, que tem efeitos similares aos da maconha, mas ainda não foi registrada como droga ilícita.
Há décadas existem estudos que afirmam que as causas da criminalidade violenta, especialmente o tráfico de drogas, são um dos maiores problemas das cidades brasileiras, por causa da ausência do Estado e de seus agentes nas áreas de periferia e da completa falta de assistência médica, judiciária, sanitária, educacional, de lazer, e da viabilidade de convivência sadia, restando como opção a essas populações o tráfico. Ausente o Estado, instala-se a lei do mais forte e a criminalidade assume o seu papel.
Se quisermos ter sucesso nas ações contra o crime organizado, temos que focar a atenção em como reduzir o mercado do traficante, por meio de trabalho preventivo, que tem relação custo-benefício muito mais positiva do que ações repressivas. Diante do exposto, é imperativo que a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), o Judiciário, os ministérios da Saúde, da Educação, dos Esportes e das Cidades formem uma força-tarefa e desenvolvam ações integradas para mudar esse triste quadro que está destruindo o futuro do Brasil, que são os jovens.
O tráfico é o principal motivo de prisão no Brasil. O crescimento foi de 62% entre 2007 e 2010. Em 2007, foram presas 62.494 pessoas. Em 2010, 106.491 pessoas.
Fonte: Correio Braziliense
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