terça-feira, 7 de agosto de 2012

Apostando no aquecimento global, Putin regulariza uso do oceano Ártico para navegação comercial


Rússia pretende investir na criação de portos e infraestruturas navais em sua costa ártica
O presidente de Rússia, Vladímir Putin, promulgou nesta segunda-feira (30/07) uma lei que regula pela primeira vez a navegação de rota marítima no Oceano Ártico. Considerada alternativa ao canal de Suez, sua utilização mais efetiva pode revolucionar o transporte mundial marítimo de mercadorias. A navegação se tornou mais acessível em razão da crescente redução da crosta de gelo que cobre boa parte do círculo polar.
A lei passa a estabelecer o status jurídico e os limites das rotas de transporte e prevê a criação de um órgão administrativo que se encarregará de administrar a navegação. Também inclui regras de navegação e custos para arrendamento dos navios quebra-gelo necessários para circular por aquelas rotas, que fica coberta de gelo por praticamente toda a parte do ano.
Wikicommons

Navio da frota russa de quebra-gelos impulsionados por energia atômica.
Outro objetivo, segundo o governo russo, é propiciar a construção de infraestruturas mais modernas que garantam a segurança das embarcações ao largo de toda a travessia. Putin dizia ser a favor da utilização dessa rota por considerá-la um terço mais curta que as tradicionais, como o canal de Suez, por exemplo.
A considerável redução da crosta de gelo devido ao aumento da temperatura global permitiu há dois anos que um petroleiro russo abrisse este itinerário com a ajuda de vários quebra-gelos.
“A mudança climática, que incrementa gradualmente o período de navegação, e o progresso tecnológico abrem novos territórios para a humanidade que ainda estão para ser descobertos na região ártica. É evidente que a atividade econômica crescerá”, disse o presidente russo, sem mencionar os inevitáveis impactos ambientais.
Reprodução
Imagem de satélite mostra derretimento sem precedentes na Groenlândia neste mês de julho; em vermelho, o satélite identifica o gelo derretido e em branco, o gelo sólido
A Rússia planeja construir novos portos em sua grande costa voltada para o ártico, onde os navios poderão ser abastecidos e atracar em caso de acidente. E também contarão com centros de coordenação de operações de salvamento.
Um barco precisa percorrer 10.600 quilômetros pela rota do Ártico para ir desde a cidade de Murmansk (no mar de Barents, próximo à fronteira com Noruega e Finlândia) ao porto chinês de Xangai. Enquanto que pela rota tradicional, o canal de Suez, é necessário percorrer 17.700 quilômetros.
“Temos que investir na frota de quebra-gelos e no desenvolvimento dos portos. Todos devem nos tomar por uma potência ártica”, disse por sua vez o primeiro-ministro Dmitri Medvedev durante uma visita à porção oriental do país.
A Rússia é o único país que conta com um frota de quebra-gelos impulsionados por energia atômica, o que poderá acarretar no monopólio da rota.

Fonte: OperaMundi

Nenhum comentário:

Postar um comentário