quarta-feira, 8 de junho de 2011

Conselho de Segurança da ONU: custos e benefícios


Especialistas dizem que os custos de tornar-se membro permanente do órgão da ONU são enormes. Mas eles estão à altura do protagonismo mundial do Brasil, afirmam outros

Os custos e benefícios do ingresso do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), como membro permanente, dividiram as opiniões dos participantes do oitavo painel sobre política externa brasileira, realizado ontem pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), presidida por Fernando Collor (PTB-AL). Se por um lado tornar-se membro permanente transforma o Brasil em ator decisivo na cena internacional, como alegaram os defensores da iniciativa, por outro lado poderá expor o país a altos custos políticos e econômicos, segundo os críticos da medida.

O embaixador Ronaldo Sardenberg observou que o Brasil já esteve dez vezes no conselho, como membro não permanente. O momento atual seria propício ao ingresso do país no clube dos membros permanentes.— Nunca houve a oportunidade que temos agora — afirmou.

Igualmente defensor do ingresso brasileiro, o professor Danny Zahreddine, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, lembrou que o Brasil tem um “poder real crescente”, baseado em seus progressos na economia, na energia e em novas tecnologias. Ele ressaltou ainda o “poder potencial” do Brasil, representado pela sua biodiversidade, pelo amadurecimento de suas instituições e pelo fortalecimento gradativo de seu poder militar. — Quais são os custos? São enormes. Existe a responsabilidade da decisão. Mas é um custo que um país que se vê como potência deve assumir — analisou.

A prioridade do ingresso no conselho foi contestada pelo professor Creomar Lima Carvalho de Souza, do Ibmec de Brasília. A seu ver, um dos motivos para a falta de progresso na intenção brasileira está no próprio país, cuja sociedade civil não toma parte do processo de escolhas das prioridades da política externa.— Até que ponto essa demanda é tão importante? É realmente uma prioridade? — questionou.

O professor norte-americano Albert Fishlow, do Centro para Estudos Brasileiros da Universidade de Colúmbia, apontou que o Brasil, no setor econômico, já tem forte representação no chamado G-20, onde se debatem as principais questões globais. No entanto, previu que, tornando-se membro permanente do Conselho de Segurança, terá que gastar muito mais em missões militares em várias partes do mundo. — Não vejo necessariamente grandes vantagens, em comparação às vantagens que tem no G-20, onde tem a possibilidade de influência. O Itamaraty prefere que o Brasil seja membro permanente, mas para o Brasil como um todo não me parece que seja uma vantagem — argumentou Fishlow.

Fonte: Jornal do Senado via NOTIMP

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