quarta-feira, 4 de agosto de 2010

`Os Estados Unidos são o país mais importante da América do Sul´


Nesta segunda-feira, 19, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, abriu o ENABED IV, encontro das associações de estudo de Defesa, em Brasília.

Para o ex-Secretário-Geral do Itamaraty, “os Estados Unidos são o país mais importante da América do Sul”. Ele afirmou que esta é uma realidade e que ela tem impacto na Segurança e Defesa da região.

“A importância dos Estados Unidos em qualquer país da América do Sul é descomunal se comparada com a influência de qualquer país sul-americano na região”, afirmou.

Um exemplo: mais de 50% das exportações de petróleo da Venezuela tem os Estados Unidos como destino.

Falando para uma platéia formada por estudantes, pesquisadores, professores, diplomatas e militares das Forças Armadas, Samuel Pinheiro Guimarães, destacou que a América do Sul continua sendo uma região extremamente rica em recursos naturais, energéticos e minerais, que possui 25% da terra arável do mundo e detém uma população pequena em relação ao seu território.

“Por outro lado, a América do Sul é uma das regiões mais desiguais do planeta, com grandes assimetrias entre os estados, principalmente entre o Brasil e o restante”, reconheceu.

Na sua opinião, a região ainda é marcada por ressentimentos históricos que influenciam na Segurança da região.

“São ressentimentos que vêem da época da formação dos estados do Prata, da desintegração da Grande Colômbia e das guerras do Pacífico e do Chaco”, explicou.

Geopolítica

O embaixador explicou que a Europa a cada dia perde mais espaço na região, para a Ásia e para os Estados Unidos e que a Espanha busca através da Cúpula Ibero-americana, manter seu grau de influência entre os latino-americanos.

“Os espanhóis transformaram a conquista das Américas em Encontros de Civilizações, um absurdo”, disse.

Ele também destacou a presença da China na América do Sul. O país já é o primeiro parceiro comercial do Brasil e de todos os demais sul-americanos.

“A China vem em busca de recursos naturais e alimentos estabelecendo vínculos de produção para o seu mercado. A enorme busca de recursos naturais da China e da Índia vão ditar muitas mudanças no planeta. A África também terá grande importância para o futuro do Brasil por conta de suas necessidades e da possibilidade de o Brasil atendê-las”, afirmou.

Desafio

Responsável pelo Projeto Brasil 2022, Samuel Pinheiro considera que o maior desafio do Brasil na América do Sul diz respeito ao desenvolvimento dos países da região.

Essa contribuição teria de passar por um aporte intenso de recursos em obras de infra-estrutura em transportes, comunicações e energia. Ele chegou a defender um Plano Marshall para fortalecer a integração regional.

Além disso, assegurou que o Brasil não disputa a liderança na América do Sul ao deixar clara sua postura em defesa da autodeterminação dos povos e da não intervenção em assuntos internos dos demais.

“O Brasil só participa como mediador quando chamado pelas partes envolvidas” garantiu.

“A sociedade não aceita que ninguém venha dizer como devemos nos organizar e o Brasil deve assumir que é o principal país da América do Sul, o que é um fato e deve contribuir com a infra-estrutura dos demais”, reforçou.

O Paraguai, por exemplo, apesar de dividir a maior usina hidrelétrica do mundo com o Brasil, sofre com apagões e a instabilidade política e social nos vizinhos pode ser resultado de problemas como este.



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Fonte: www.inforel.org

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