sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Snowden recebe asilo temporário da Rússia e deixa aeroporto de Moscou

Edward Snowden
Edward Snowden, o ex-prestador de serviços da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) que revelou um esquema de espionagem do governo dos EUA, conseguiu ontem asilo temporário na Rússia, apesar das intensas pressões americanas. A decisão, que foi imediatamente criticada pela Casa Branca e por políticos americanos, será uma nova fonte de tensão nas já difíceis relações entre Washington e Moscou.
O visto de um ano permitirá a Snowden viver e trabalhar na Rússia, enquanto ele continua tentando se esquivar dos esforços de promotores americanos para extraditá-lo, para que ele enfrente as acusações de vazamento de uma série de documentos sobre os programas de espionagem da NSA.
Anatoli Kucherena, o advogado russo de Snowden, disse à agência de notícias Interfax que seu cliente deixou o aeroporto de Moscou, onde passou as últimas seis semanas, após a concessão do visto.
Segundo uma cópia exibida pelo TV estatal russo RT, o visto foi emitido anteontem. Snowden, de 30 anos, estava acomodado em uma zona de trânsito do aeroporto desde a sua chegada à Rússia no fim de junho, em um voo proveniente de Hong Kong.
Yuri Ushakov, ex-embaixador russo em Washington, disse ontem não acreditar que a decisão de conceder asilo a Snowden afetará as relações entre os EUA e a Rússia e chamou o ex-técnico da NSA de "uma figura insignificante".
Entretanto, senadores americanos alertaram que os laços diplomáticos entre os dois países poderão sofrer um dano substancial. Lindsey Graham disse que "isso muda o jogo em nossas relações com a Rússia", acrescentando que a decisão de concessão do visto "é um sinal da clara falta de respeito de Vladimir Putin pelo presidente [Barack] Obama". Robert Menendez, que preside a comissão de Relações Exteriores do Senado, disse que a decisão foi "um golpe nas relações EUA-Rússia".
Obama tem visita marcada para Moscou em setembro, antes da reunião do G-20 em São Petersburgo, mas funcionários da Casa Branca sugeriram ontem que o presidente americano pode cancelar a viagem devido ao caso Snowden. Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, disse que os EUA ficaram "extremamente desapontados" com a decisão e estão "avaliando a utilidade" de um encontro com Putin (previsto na viagem de setembro).
Os EUA insistiram com a Rússia para que não concedesse asilo a Snowden. Eric Holder, o secretário de Justiça dos EUA, enviou carta ao ministro da Justiça russo, na semana passada, garantindo a Moscou que os EUA não pretendiam torturar Snowden e não tentariam conseguir para ele a pena de morte.
Kucherena disse ao "Financial Times" que Snowden tem alguns "amigos americanos" na Rússia, que o ajudarão com a sua segurança. Ele afirmou também que Snowden "está bem disposto, mais ou menos" e que mal consegue acreditar que recebeu todos os documentos e deixou o aeroporto".
Snowden chegou a Moscou em 23 de junho, em um voo proveniente de Hong Kong e com passagem para Havana. Ele não conseguiu tomar o segundo voo e seus planos de ir para a América do Sul foram impedidos pela falta da documentação apropriada e pelo temor de que os EUA fizessem alguma coisa para impedir o voo.
Enquanto isso, os EUA, pagaram pelo menos 100 milhões de libras ao serviço de inteligência do Reino Unido nos últimos três anos para obter acesso a informações da inteligência britânica, segundo documentos que vazaram e foram publicados ontem pelo jornal "The Guardian".

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