terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O Lobista que virou diretor


Procura por diretor de relações governamentais aumentou 30% neste início de ano. Grandes empresas assumem a necessidade de profissionalizar este tipo de relacionamento, assim como acontece em economias maduras


 - Crédito: Thinkstock
O dia a dia de Diogo Brunacci não é nada parecido com a de um executivo comum. Tem que gastar muita sola de sapato para dar conta de uma agenda que vive de conversas com a entidade de classe, visitas a deputados, senadores, ministros e secretários. Formado em Relações Internacionais e Ciências Políticas pela Universidade de Brasília, Diogo faz parte de um seleto (porém, em plena ascensão) grupo de profissionais que deixaram de lado a pecha de lobistas e ganharam novo status: diretor de relações governamentais - no seu caso, da SAP - multinacional alemã de tecnologia da informação (TI) - no Brasil. 

Há um ano e meio nesta posição, Diogo tem que conduzir estrategicamente todos os assuntos ligados ou que interferem diretamente à sua área junto com as três instâncias do poder - desde a discussão e proposta até a tramitação de projetos de lei que atinjam de uma forma ou de outra a área de TI. "A habilidade de negociação e o uso do networking a seu favor é fundamental para ser bem-sucedido nas inúmeras conversas e encontros que agendamos com o governo", afirma. 

O seu desafio permanente é em demonstrar que a SAP pode ajudar na melhoria da gestão pública através de softwares e ferramentas de TI específicas e como é possível cruzar e analisar informações para simplificar em processos como folha de pagamento, sistema tributário e contábil, por exemplo. Diogo é um entre os poucos e disputados profissionais dessa área. Por representarem suas empresas em temas sensíveis e estratégicos, esses profissionais têm canal direto com o presidente e quase sempre atuam com o apoio de uma entidade de classe. 

Perfil

Eles são jovens, negociam bem e tem uma base sólida de relacionamento com o governo. Apesar de pejorativa, a palavra lobista, ou a expressão fazer lobby, que nunca foi bem vista no Brasil - devido à histórica política de favorecimentos e corrupção -, ganha novo status e nomenclatura no mundo corporativo: são chamados agora de relações governamentais. Isso devido à necessidade de indústrias mais sensíveis a aprovação de leis específicas e submetidas a controle e regulamentação mais severas, influenciarem as três esferas do poder em suas decisões. 

O que difere a atual prática da anterior é a transparência e lisura nas negociações - garantem os executivos. Diferente do passado, todas as conversas têm que ocorrer em ambiente de audiência pública. Jamais às portas fechadas, como no passado. 
Fazer lobby com o governo de forma profissionalizada é uma rotina corriqueira em países maduros, como nos Estados Unidos. Tanto que são as multinacionais estrangeiras que estão puxando o cordão e profissionalizando o cargo no Brasil. "Nos primeiros dois meses de 2012, a procura por esse tipo de profissional aumentou 30% em relação ao ano passado inteiro", afirma a líder da área Legal da consultoria britânica Michael Page, especializada em recrutamento no alto escalão das empresas. Foram 30 contratações entre janeiro e fevereiro. 

Demanda 

Quem alavancando essas contratações são companhias dos setores farmacêutico, alimentos, TI (tecnologia da informação), automobilística, agronegócio, bebida, telecomunicações s e cigarro. O nome, apesar de pomposo (relações governamentais), ainda traz muitas dúvidas em relação a quais competência e formação específica que o profissional deve carregar. É inevitável que seja um bom comunicador e estrategista e que carregue em sua trajetória profissional passagem por algum órgão do governo - ou que ao menos tenha construído base de relacionamento nas três esferas do poder: executivo, legislativo e judiciário. Por ser uma profissão relativamente nova no país, não há formação específica na área, e vem abrindo espaço para quem se formou em direito, economia, finanças, administração, comunicação e relações públicas. Ou seja, o que se construiu profissionalmente pesa mais do que a formação acadêmica.

Outro movimento que impulsiona a procura pelo profissional de relações governamentais (que em algumas empressa se confunde com o relações institucionais) é a obrigatoriedade das empresas que fizeram IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) de ter um profissional apto a lidar com o governo - um dos stakeholder com quem têm que se comunicar e dar satisfações periódicas. "É uma posição com forte demanda nos últimos três anos. Tanto por empresas que abriram capital na Bolsa quanto pelas que têm que se relacionar com Anvisa, Anatel, Anac e outros órgãos reguladores", avalia Maria Eugênia Bia Fortes, sócia da Spencer Stuart, especialista nas áreas legalista e de relações com o governo.

Fonte: Você SA

3 comentários:

  1. Ola, vc faz esse curso?
    As aulas sao somente no Fundao ou acontecem na Praia Vermelha tb? Se puder me esclarecer, ficarei grata.
    Obrigada,
    Maria

    ResponderExcluir
  2. Olá! Também queria muito saber um pouco mais sobre este curso, porque na Internet praticamente não há nenhuma informação sobre ele, e eu passo pela nota no SiSU. Seria muito grato se vc respondesse.
    - De que a que horas vai o turno noturno na UFRJ? É muito perigoso ir à noite ao Fundão?
    - O curso é bom? Tem boa infraestrutura? Bons professores? O que os estudantes acham do curso? Quantas pessoas já desistiram do curso?
    - O curso é a mesma coisa que RI? Ou é restritamente focado na Defesa, nas questões militares etc?
    - Quais são oportunidades de emprego depois deste curso?
    Muito obrigado

    ResponderExcluir
  3. O curso é noturno (18h as 22h), no fundão. Atualmente estamos no prédio de Letras e não temos problemas quanto a segurança no local. A graduação em DGEI é a primeira e única no Brasil e está crescendo, juntamente com a área. peço que verifiquem os posts anteriores e nossas redes sociais para maiores informações sobre o curso. abraços

    ResponderExcluir