quinta-feira, 28 de junho de 2012

Falta de mão-de-obra especializada é desafio para a Defesa


Marcelo Rech, especial do Rio de Janeiro

O Brasil caminha para tornar-se a 5ª economia do mundo e possui atualmente o 11º orçamento de Defesa do planeta. Ainda assim, 70% das indústrias reclamam da falta de mão-de-obra qualificada.
De acordo com Márcio Guerra Amorim, da Unidade de Estudos e Prospectiva da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o desencontro entre oferta e demanda de emprego no mercado de trabalho está entre os principais problemas enfrentados pela indústria de Defesa.

O professor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), brigadeiro Maurício Pazini Brandão, defendeu o incentivo às escolas para a formação de engenheiros. Segundo ele, "a formação de engenheiros de concepção de desenvolvimento é que vai gerar inovação e empreendedorismo".
Na avaliação do militar, a ausência de centros de desenvolvimento e pesquisa nas indústrias do país, impede que haja um diálogo maior entre a Defesa, a academia e a indústria. "O diálogo existe, os instrumentos estão sendo criados, mas ainda não é o suficiente. As indústrias nacionais não têm a cultura de criar, inovar e empreender", explicou.

Pablo Fonseca dos Santos, Secretário-Adjunto de Políticas Microeconômicas do ministério da Fazenda, afirmou que os países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento são também os que mais se desenvolvem economicamente.
O Brasil investe, em média, 1,4% do Produto Interno Bruto em Defesa. No entanto, os gastos em desenvolvimento tecnológico não passam de 0,5% do PIB.
Enquanto isso, os Estados Unidos que gastam 3,7% do PIB em Defesa, investem 2,7% em Pesquisa & Desenvolvimento. Israel investe 8% do seu PIB em Defesa e 4,1% em P&D. Já a Arábia Saudita que gasta 9,9% do Produto Interno Bruto em Defesa, não investe mais que 0,1% em pesquisas.

Ele explicou que os investimentos em Defesa não devem se restringir apenas à compra de materiais ou equipamentos, mas serem aplicados principalmente no desenvolvimento e na absorção da tecnologia desses produtos.
"A tecnologia é o motor do desenvolvimento. Esse é o setor que traz ganhos de produtividade. Os ganhos tecnológicos são imensuráveis. Dois exemplos do uso de tecnologia que foi primeiramente desenvolvida para fins militares são a internet, que mudou completamente a forma de nos relacionarmos com o conhecimento e o GPS", destacou.


Exportação
Para o assessor especial para Assuntos de Defesa do ministério das Relações Exteriores, ministro Afonso Álvaro de Siqueira Carbonar, o Brasil precisa implementar uma política nacional de exportação de produtos de Defesa focada na desburocratização.
"A política nacional de exportação de produtos de Defesa é uma proposta que está sobre a mesa. Devemos aprovar o mais rápido uma política na área de exportação, além de encontrar formas de desburocratização, dando agilidade ao processo", afirmou.

Carbonar defendeu ainda uma maior aproximação do Brasil com seus vizinhos para que a cooperação em Defesa seja aprofundada. "Existem capacidades muito específicas em nossos vizinhos e temos que saber aproveitar", disse.
Para o diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial da Aeronáutica, coronel Nilton Cícero Alves, "o primeiro passo é delinear de forma clara quais são as áreas de interesse para o desenvolvimento dentro da Defesa. Dessa forma a indústria consegue direcionar seus esforços para algo que seja de interesse do governo", afirmou.


Desenvolvimento
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Mauro Borges, entende que a indústria nacional de Defesa é uma área estratégica não só para as Forças Armadas, mas, sobretudo, para o desenvolvimento econômico do país.
Segundo ele, "todos os países que tiveram sucesso na sua trajetória de desenvolvimento tiveram poderosas indústrias de Defesa".

Fonte: www.inforel.org

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