Esquema de segurança high-tech começa dia 4, com centro cibernético e helicópteros "Big Brother"
Elenilce Bottari
Antônio Werneck

A maior operação de segurança que o Rio já experimentou poderá ser vista nas ruas dentro de uma semana, quando 15 mil homens começam a patrulhar a cidade para a Rio+20. Oito mil militares das Forças Armadas e sete mil das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal entram em ação no dia 4, com apoio de 32 helicópteros e cinco centros de monitoramento e controle. Desta vez, haverá uma preocupação diferente em relação à Rio 92: com as favelas pacificadas, o destaque é o investimento tecnológico, para prevenir possíveis ataques cibernéticos e fazer o monitoramento da cidade, do evento e do deslocamento de autoridades por meio de 550 câmeras da prefeitura e de três helicópteros do Exército equipados com câmeras que vão vigiar tudo e transmitir as imagens em tempo real para o centro de controle.
Entre as novidades está o Centro de Monitoramento Cibernético, para evitar possíveis ataques aos sites oficiais responsáveis pela divulgação de documentos durante a Rio+20. Segundo o general José Carlos dos Santos, apenas no centro foram investidos R$ 20 milhões para a implantação de um sistema que contará com uma rede própria de wi-fi, com capacidade para 30 mil acessos simultâneos, somente para quem estiver dentro do Riocentro.
Escolta reunirá 416 batedores
Segundo ele, entre as preocupações com a segurança cibernética estão tentativas de corte de energia do local do evento e ataque às telecomunicações. Para proteger o evento de um eventual corte de energia, foram instalados também três geradores na área do pavilhão de exposições. O anúncio sobre o sistema de proteção contra ataques cibernéticos foi feito ontem, durante a apresentação do novo Centro de Coordenação de Operações de Segurança da Rio+20, que já está funcionando na sede do Comando Militar do Leste (CML), no Centro do Rio.
Participaram da apresentação o ministro da Defesa, Celso Amorim; o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri; o comandante militar do Leste e coordenador de segurança do evento, general Adriano Pereira Júnior; e o chefe do Estado-Maior conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi.
- Essa parte de defesa cibernética diz respeito a uma ameaça nova, e nós temos que lidar com essa ameaça que pode também causar transtornos para a conferência - explicou o ministro da Defesa, ressaltando não haver nenhuma ameaça real relatada. - Sabemos que são coisas que acontecem no mundo de hoje. Você tem que estar prevenido.
Segundo Celso Amorim, a escolta de autoridades será feita por 52 equipes especializadas, com 416 batedores. A segurança aérea dos comboios terá o apoio de 29 helicópteros. Amorim ainda garantiu que não haverá fechamento de aeroportos, mas apenas intervenções pontuais em voos domésticos.
O policiamento ostensivo contará com o reforço de tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. A Marinha informou que tem previsão de empregar 3.200 militares, principalmente para realizar a segurança terrestre e marítima. Na orla, serão usadas 26 embarcações e seis aeronaves. Na área considerada de maior risco para a segurança, entre a Ilha do Governador e o Centro, a segurança ostensiva ficará a cargo dos fuzileiros navais. Policiais do Exército cuidarão do trecho entre o Centro da cidade e o Riocentro. Além da segurança externa do evento, mil homens da 4ª Brigada de Infantaria Motorizada farão a segurança do pavilhão, que terá um espaço quatro vezes maior do que o utilizado na primeira conferência, em 1992.
Segundo o general Adriano Pereira Júnior, a presença de blindados nas ruas será apenas para a segurança dos militares:
- O Rio é uma cidade pacificada. Eles só estarão ali por uma questão de logística, para dar apoio aos soldados que estarão ao longo das vias. Não há necessidade de blindados na segurança das ruas.
Cerca de 50 laptops serão usados para o trabalho de agentes dos 26 órgãos que estarão ali representados, como as polícias, a Guarda Municipal e até mesmo a Secretaria de Conservação.
- Temos um link direto com o Centro de Operações Rio, para acompanhar os comboios das delegações e também o que está acontecendo em cada bairro. Temos a possibilidade de agendar todas as atividades que serão desenvolvidas - explicou o general.
A entrega do Riocentro para a ONU será no dia 5 de junho, após uma varredura que será feita em todas a instalações do evento. A expectativa é que a conferência amplie a discussão sobre um novo modelo de desenvolvimento e a estruturação de novos critérios para a medição de riquezas, o chamado PIB verde.
A Rio+20 - que será realizada de 13 a 22 de junho - marcará os 20 anos da Rio 92. São esperadas 193 delegações estrangeiras. O Riocentro sediará a reunião de cúpula. A segurança do evento será estendida à Arena HSBC, na Barra; à Quinta da Boa Vista; ao Píer Mauá e ao Aterro do Flamengo. A organização estima que cerca de 50 mil pessoas serão credenciadas. Os gastos com o aparato, segundo o Ministério da Defesa e o Comando Militar do Leste, deverão chegar a R$ 150 milhões.
Estarão mobilizados 300 especialistas das unidades antiterror do Exército e da Marinha. Homens treinados para defesa de ataques químicos e bacteriológicos ficarão em estações de descontaminação. Existe planejamento até para um eventual colapso na segurança pública do estado - como uma paralisação geral das polícias Civil e Militar. Segundo os militares, haverá alterações no trânsito na Zona Sul durante a passagem de comboios com autoridades. O plano, que deverá ser apresentado hoje pela prefeitura, prevê mudança, em alguns horários, da mão da Avenida Niemeyer em direção a São Conrado.
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