Agências de espionagem investem em start-ups no Vale do Silício e recrutam especialistas em tecnologia, como Max Kelly. |
Quando Max Kelly, principal encarregado da segurança do Facebook, deixou a empresa de rede social, em 2010, ele não foi trabalhar para Google, Twitter ou outra empresa semelhante do Vale do Silício. O homem responsável por proteger as informações pessoais de mais de um bilhão de usuários do Facebook contra ataques externos foi para outra instituição gigante que processa e analisa uma imensa quantidade de dados: a Agência de Segurança Nacional (NSA).
A transferência de Kelly, que até agora não era conhecida, joga luz sobre a ligação cada vez mais profunda que existe entre o Vale do Silício e a agência de espionagem e sobre quão semelhantes são as suas respectivas atividades. Em ambos os casos, procuram-se maneiras de coletar, analisar e utilizar grandes volumes de dados sobre milhões de americanos. A única diferença é que a NSA o faz para obter informação, e o Vale do Silício, para ganhar dinheiro.
O Vale do Silício tem o que a agência de espionagem quer: enormes quantidades de dados pessoais e softwares avançados para analisá-los. Por sua vez, a agência é um dos maiores clientes do Vale do Silício, no que diz respeito à análise de dados, um dos mercados que mais crescem nesse setor. Para terem acesso à mais moderna tecnologia de informática e poderem manipular e aproveitar esses grandes volumes de dados, os serviços de inteligência dos EUA investem em empresas emergentes no Vale do Silício, fazem contratos secretos e empregam especialistas em tecnologia, como Kelly.
Embora o Vale do Silício tenha vendido equipamentos à NSA e a outros serviços de inteligência por muitos anos, começaram a ter em comum um novo tipo de interesse nos últimos anos, à medida que os avanços na tecnologia informática de armazenamento reduziram drasticamente os custos de se guardarem enormes quantidades de dados, ao mesmo tempo em que o valor desses dados no mercado de consumo começou a aumentar. A cooperação deve se estreitar, pois se prevê que o armazenamento de dados cresça a uma taxa anual composta de 53%, de agora até 2016.
Até US$ 10 bilhões investidos
As somas que a NSA investe no Vale do Silício são secretas, assim como o orçamento total da agência, que, segundo analistas independentes, está entre US$ 7,86 bilhões e US$ 9,8 bilhões por ano.
O serviço de telefonia online Skype criou seu próprio programa secreto, o Projeto Xadrez, para examinar as consequências legais e técnicas de permitir que os serviços de inteligência e de polícia acessassem sem problemas suas conversas telefônicas, afirmam fontes que conhecem o programa e preferem ficar no anonimato. O projeto, que data de cinco anos, foi desenvolvido porque a empresa tinha choques ocasionais com o governo por questões legais.
Talvez quem melhor encarne a relação cada vez mais estreita entre o Vale do Silício e a NSA seja Kenneth A. Minihan. Oficial dos serviços de inteligência das Forças Aéreas e diretor da NSA no governo de Bill Clinton, ele é, hoje, diretor executivo do Paladin Capital Group, uma empresa de capital de risco com sede em Washington que, entre outras coisas, financia novas empresas que fornecem soluções avançadas à NSA e a outros órgãos de inteligência. Na prática, é um olheiro da NSA, atrás das últimas tecnologias para a análise de dados que circulam em todo o mundo e dentro dos Estados Unidos.
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