Doutrina. Presidente insiste que os EUA continuam em estado de guerra contra o terror e o uso de aviões não tripulados para desmantelar grupos radicais é essencial em alguns países; líder espera obter do Congresso um aval para transferir os detentos da base americana em Cuba
Ao propor uma nova doutrina de combate ao terrorismo, o presidente Barack Obama, defendeu ontem a legalidade do uso de aviões não-tripulados (drones) de maneira limitada, contra alvos específicos. Em Washington, ele reforçou o objetio de fechar a prisão de Guantánamo e encaminhar os prisioneiros a penitenciárias de outros países, entre os quais o Iêmen, ou dos EUA, onde seriam processados.
"Os EUA só vão utilizar os drones quando houver uma ameaça iminente e o terrorista não puder ser capturado", disse o presidente. Obama insistiu que seu país continua em estado de guerra e também em uma "encruzilhada" no combate ao terror.
A nova doutrina de Obama substitui a guerra contra o terrorismo, adotada por George W. Bush depois dos atentados do 11 de Setembro, que em dez anos custou US$ 1 trilhão. Em vez de amplas ações no exterior, como o envio de dezenas de milhares ao Afeganistão e Iraque, os EUA manteriam seu foco em ameaças ao território nacional e contra interesses americanos no exterior, e no desmonte de iniciativas de extremistas no próprio país.
"Nosso esforço sistemático para desmantelar as organizações terroristas tem de continuar. Mas essa guerra, como todas as outras, tem de acabar. Isso é o que a História nos aconselha. Isso é o que a nossa democracia pede", afirmou. "Nem eu nem qualquer outro presidente pode prometer derrotar o terror. Nunca vamos apagar o mal do coração de alguns seres humanos nem acabar com todo o perigo para a nossa sociedade aberta, Mas o que nós podemos e temos de fazer é desmantelai" as redes que trazem um risco direto para nós", completou.
A proposta leva em conta os ramos atentados sofridos pelos EUA e a avaliação de que a Al-Qaeda foi dispersada. O ataque contra a Maratona de Boston, em abril, foi planejado e executado por dois extremistas islâmicos de origem chechena aparentemente sem conexão com grupos terroristas. O atentado contra o consulado americano em Benghazi, na Líbia, em setembro de 2012, foi realizado por um grupo extremista local filiado à Al-Qaeda.
Na lógica de. combate pontual, o drone será um instrumento chave. Obama argumentou que os EUA não podem mais enviar tropas a alguns países, onde os combates se dariam em áreas sensíveis, como zonas tribais, e onde o prejuízo para a relação bilateral seria elevado demais. A operação para executar Osama bin Laden, que envolveu uma invasão americana ao Paquistão, em maio de 2011, "não pode ser o normal".
Obama insistiu que as ações com os drones são legais e capazes de provocar menos mortes do que os ataques terroristas. Segundo ele, a morte de civis em decorrência de bombardeios de drones é um "risco de qualquer guerra".
Escaldado pela polêmica no Congresso sobre os americanos que foram alvo de ataques de drones, Obama adiantou-se. No dia 22, a Casa Branca divulgou documentos, antes confidenciais, sobre três americanos mortos nesses ataques, alem do conhecido caso de Anwar ai-Awlaki, religioso radical e um dos lideres da Al-Qaeda morto em setembro de 2011 no Iêmen.
A Casa Branca previu para 2014 um gasto de U8$ 23,4 bilhões com o programa de drones. Essas aeronaves compõem atualmente 41% do total dos aviões da Força Aérea dos EUA. Segundo a New America Foundation, eles já provocaram 1,577 mortes apenas no Paquistão, entre as quais as de 143 civis.
Depois de passar seu primeiro mandato sem cumprir a promessa de campanha de fechar a prisão de Guantánamo, Obama resgatou essa proposta como um dos pilares de sua nova estratégia de combate ao terrorismo. A iniciativa responde, em parte, à greve de fome feita por mais de cem prisioneiros em protesto pelo fato de estarem presos sem acusação formal e sem a chance de serem julgados, quando teriam o direito de se defender. No presídio, que já abrigou 700 detentos, ainda há 166 presos.
Obama espera obter do Congresso o aval para a transferência dos prisioneiros para prisões nos EUA, onde seriam julga cios por tribunais civis ou militares, e para o exterior, A suspensão do envio ao Iêmen de iemenitas suspeitos de terrorismo. seria revista para que esse país possa receber parte dos presos de Guantánamo. Nesta semana, o Pentágono pediu ao Congresso a liberação de mais US$ 450 milhões para reformas na prisão de Guantánamo.
Fonte: Estadão via CCOMSEX
Texto completo: washingtonpost
Video: nytimes
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