Um estudo da New American Foundation estima que a economia da China ultrapassará a dos EUA em valor ao redor de 2020. O estudo ressalta o crescente poderio militar e da indústria de defesa chinesa e alerta para o fim da supremacia dos EUA. A China anunciou um aumento de 14,9% no seu orçamento de compras de defesa para 2010 chegando a incríveis US$ 70,3 bilhões. Analistas do Pentágono dizem que os valores dos investimentos em defesa são muito superiores aos anunciados. A China possui o maior efetivo mundial nas suas forças armadas, o Exército de Libertação do Povo (PLA – People’s Libertation Army) com 2,3 milhões de militares. O PLA embarcou em um ambicioso programa de modernização que envolve não só armamentos, mas uma reorganização estrutural e de doutrina de operação. O PLA tem áreas de excelência (mísseis balísticos e de cruzeiro), mas também tem deficiências sérias (contínuas dificuldades com modernos sistemas de comando, controle e comunicações).
Algumas tendências do processo de modernização podem ser observadas. A primeira é a profissionalização dos efetivos. Um processo de promoção por mérito foi instituído e casos de corrupção vêm sendo expostos. O treinamento das tropas vem crescendo em qualidade e o PLA já realiza manobras militares de extrema complexidade. A segunda é o crescente avanço da capacidade da indústria de defesa. Depois de décadas de desenvolvimento de produtos por engenharia reversa, a indústria começa a mostrar uma capacidade de desenvolvimento sustentável e independente. A terceira é a estratégia de compras do PLA. A ênfase está na compra de sistemas que possam fazer frente ao poderio dos EUA. Assim, estão sendo desenvolvidos mísseis antibalísticos, armas antisatélite, porta aviões, submarinos nucleares e aviões “stealth”. A quarta está na evolução das táticas, estratégias e doutrinas de operação. A China está investindo pesadamente em uma nova geração de capacidades assimétricas. A mais evidente destas é a capacidade de guerra cibernética. Nos últimos anos as redes de computadores do Pentágono, da NASA e de diversos institutos de pesquisa dos EUA foram alvo de ataques e espionagem cibernética provenientes da China. Uma última tendência identificada é relativa à política externa chinesa e à projeção de poder. Através da exportação de diversos sistemas de defesa e da crescente presença de efetivos no exterior, a China busca em um primeiro momento garantir as suas fontes e rotas de suprimento e matérias estratégicas, sendo o petróleo a principal. A China ainda não tem uma Marinha de águas azuis, mas vem construindo base navais em Mianmar, Bangladesh, Sri Lanka e Paquistão. Navios da Marinha já participam de patrulhas nas costas da Somália para proteção dos petroleiros chineses. A exportação de produtos de defesa vem sendo incrementada com a ajuda de uma agressiva política de financiamento que exige garantias mínimas dos clientes e, em muitas vezes, ocorre à doação de equipamentos em troca de direitos de pesca, acesso às bases militares e até apoio dos clientes a posições da China em organizações internacionais. Isso tudo amparado pelas reservas internacionais chinesas que atingiram US$ 1,45 trilhão em novembro último.
Voltando à indústria de defesa, ela surgiu na China após a 2ª Guerra Mundial e cresceu baseada em obtenção ilegal ou quase legal de tecnologias através de um grande esforço de engenharia reversa. Quase todos os projetos militares chineses são cópias de sistemas russos dos quais são grandes clientes, mas existem também vários programas baseados em produtos e tecnologias israelenses, européias e até norte americanas. Além da cópia de produtos de defesa ocidentais, a China obteve grandes vantagens ao acessar os sistemas abertos do Ocidente com o acesso a patentes, universidades e outras instituições. As centenas de empresas chinesas envolvidas em produção de material de defesa estão em processo de consolidação. Na aviação civil e militar, as indústrias foram aglomeradas sob o controle da AVIC – Aviation Industries of China. A AVIC já passou por diversas reestruturações internas e agora conta com um setor dedicado à defesa e outros para a aviação comercial e para a aviação geral, além de uma divisão especializada em exportação, a AVIC International. AVIC Defense está promovendo aviões de treinamento K-8 (já adotado por 12 países) e o L 15 inspirado no YAK-130 russo. Após iniciar as exportações de modernos caças JF-17 (desenvolvido a partir de conhecimento adquirido do caça israelense Lavi), a China desenvolve em sigilo um novo caça denominado J-XX e que deve estar pronto em cerca de 10 anos. Esse caça deverá ter características “stealth”. Analistas consideram que ele não atinja os níveis de assinatura de radar baixas comparáveis aos caças F-22 e F-35, mas a capacidade industrial e a vontade chinesas podem levar à produção de grandes quantidades em pouco tempo o que neutralizaria a superioridade americana.
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