A Operação Orchard, como a manobra ficou conhecida, fez uso de um
ciberataque e ocorreu graças a uma prova obtida via espionagem
cibernética –um comissário sírio teve seu notebook hackeado pelo serviço
secreto de Israel.
Esse tipo de invasão, pelo ciberespaço, gerou debate acerca de guerra em
um "quinto domínio", afora terra, mar, ar e espaço sideral.
No mês passado, a Europa realizou seu maior exercício de defesa
cibernética. A agência de segurança na rede do continente coordenou 200
órgãos de 29 países, o que dá a dimensão da importância que a
ciberdefesa possui hoje.
"Apesar de ter sido criado pelo homem, o ciberespaço se tornou um
domínio tão crítico para operações militares quanto terra, mar, ar e
espaço sideral", escreveu William Lynn, então secretário-adjunto de
Defesa dos EUA, em artigo na edição de setembro de 2010 da revista
"Foreign Affairs". A partir dali, o Pentágono reconheceu o ciberespaço
como área de combate.
Não foi surpresa. Em 2005, os EUA protagonizaram, com a ajuda de Israel, o maior ataque cibernético conhecido.
A partir de uma entrada USB de um notebook conectado ao sistema da usina
nuclear de Natanz, no Irã, infectaram centrífugas e fizeram com que os
equipamentos funcionassem de maneira errada, mas sem dar sinal do
problema aos operadores. Batizado de Operação Jogos Olímpicos, o ataque
ficou famoso pelo nome Stuxnet.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
VIDA REAL
Com boa parte dos sistemas atrelados a computadores, países inteiros
podem ter o fornecimento de energia ou a comunicação cortados por
códigos maliciosos. Atualmente, a maior parte dos ataques visa a
espionagem e sabotagem, sem vítimas fatais.
A despeito do potencial do combate cibernético, ainda não há definições consensuais sobre termos centrais.
O professor Thomas Rid, do departamento de estudos de guerra do King's
College em Londres, busca uma definição científica para "ciberarma" em
seu livro "Cyber War Will Not Take Place".
Escreve o autor que toda ciberarma trata-se de "código de computador
usado, ou desenvolvido para ser usado, com o objetivo de ameaçar ou
causar dano físico, funcional ou mental a estruturas, sistemas ou seres
vivos".
Ele é o principal crítico do termo "ciberguerra", como aponta o título de seu livro (leia reportagem neste link ).
ESTRATÉGIA
Mas, afinal, no ciberespaço vale mais a pena atacar ou defender-se de ofensivas?
"Os ciberataques que são realmente perigosos requerem muita expertise
para serem executados", escrevem Peter Singer e Allan Friedman, autores
de "Cybersecurity and Cyberwar". Ter uma defesa sólida, argumentam, é
muito mais vantajoso.
Existem cerca de 20 países trabalhando para isso, estima relatório
produzido pela empresa americana de segurança eletrônica McAfee. O
Brasil é um deles, mas a maioria, entretanto, não fala sobre seus
programas voltados a defesa no ciberespaço.
"É completamente hipócrita", dispara a pesquisadora Camille François, da
Universidade Harvard, que esteve em São Paulo em evento de governança
da rede. "[Ciberguerra] é uma realidade no dia a dia do ciberespaço."
Fontes: Folha
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